11 novembro 2003

A Feiticeira



Sim, tenho de admitir: Eu estava completamente preso a ti! Submisso, como um cão fiel e bem treinado. Um estalar de dedos teu, e aí­ estava eu a abanar a cauda com o olhar atento pronto a qualquer coisa! AtÉ me brilhavam os olhos de contentamento. Agora sei, que a ti nunca te brilham os olhos de contente, É apenas de pura malícia. O meu amor não te dizia nada, era apenas uma manifestação do teu poder sobre mim. És como as bruxas das histórias infantis, disfarçaste-te de boa, e atÉ pareces. (Oh! Sim eras mesmo boa, tudo em ti estava no lugar perfeito, atÉ as pequenas falhas!) Nunca me passaria sequer pela cabeça deixar-te!
Mas agora olho as tuas fotos, aquelas em que estavamos com os nossos amigos. Hoje sinto-me tão só. Nada há de mais triste que um cão só.
Pensei que fosse o teu prí­ncipe, mas acho que para ti, nunca passei de sapo! E por pouco quase me esborrachavas! Felizmente os teus feitiços acabaram, quando te vi nos braços dele. Dantes pensava que era feio, mas ao vê-lo percebi que feia eras tu! Não por fora, mas por dentro, negra como alguÉm sem alma. A tua deves tê-la vendido ao Diabo, que te parece possuir o corpo!
E senti que ainda era capaz de perdoar, mas não era perdão o que tu querias! Muito menos o meu, se precisasses dele, era admitir que precisavas de mim. E tu nunca precisaste, pois não?
Não dessa maneira. Precisavas de mim como um cão, não como pessoa. Os cães não perdoam!
Agora vejo-te como És, como realmente És: Se foste feiticeira, agora És definitivamente uma bruxa!