12 fevereiro 2006

A Esperança Fria



Já nada lhe importava mais. A nave ficara sem combustível e dali até ao frio do espaço era nda menos que um passo e ele sabia-o. Ninguém o mandara naquela viagem, mas convencera-se de que podia...
Teimosias que se pagam caro. Sorriu. Desligou todos os sistemas excepto o de sustentação de vida. Sempre lhe haviam dito que a esperança era a última a morrer. Portanto a esperança só devia morrer quando ele morresse. Sorriu.
Achou que era uma boa altura para reflectir no que a sua vida fora. Olhou para o negro do espaço cintilado de estrelas. Teria feito alguma diferença cá ter andado?
A natureza parecia responder-lhe com um categorico: Não!
Era pó. Camada a mais, camada a menos, não passava de pó. Não havia nada que pudesse fazer para mudar isso. Talvez só os generais que sacodem e varrem o pó humano, sejam recordados por serem mais que pó! São espanadores!
Alguém o lembraria? Um punhado de amigos, familiares?
Somos enquanto somos e depois não somos. Que esperança fica?
Lembrou-se de um velho em Rigula, que lhe dissera que todas as esperanças servem, desde que sejam suficientemente boas para nos enganar.
Agora compreendia.