01 dezembro 2003

Nada de nada


abstracto azul
Enrugava-se a barba, quando falava de quase nada. Era a beira-do-mar salgado sem água nenhuma, nem peixes. Era um deserto salgado, onde as vacas lambiam o chão. Era um mundo em lugar nenhum, sem sentido, a não ser o de existir. A palavra mais ouvida ali era o silêncio do ranger dos portais que se abriam para lugar nenhum, num vazio que só a imaginação podia preencher. Onde se arrastavam as sombras dos que já não existiam, como se de mera impressões se tratasse. Figuras de luz, na ausencia dela, entre espaço-tempo que existia apenas na dimensão dos sonhos.
Era como escrever sobre coisa nenhuma, dando a impressão de escrever sobre alguma coisa.