03 dezembro 2003

LOVE REMOVAL MACHINE


ave voando
Entrevista com o grande inventor Prof. Nero

-- Caro Prof. Nero é uma honra tê-lo de novo entre nós! Depois do sucesso que teve o seu ORGASMOTRON, quer falar-nos desta sua nova máquina? O nome parece-me estranho...
-- Para mim é igualmente um prazer falar-vos desta nova invenção...
-- Parece-me muito radical, essa máquina tira o amor de nós Prof?
-- Não amigo, não é tão radical assim! Seria traumático e doloroso que fossemos privados desse sentimento tão básico e tão necessário. Já há amor de menos para que o objectivo das nossas pesquisas fosse uma máquina que ainda o diminuisse mais! Nada disso...
-- Então Prof? O que faz a sua L.R.M.?
-- Pelos nossos estudos chegamos à conclusão que o suicídio juvenil resulta muitas vezes de desgostos de amor! Ora é um drama que em idades tão tenras, se abdique de viver só aos primeiros e rudes golpes do amor!
-- Então a sua máquina Prof, combate esse flagelo! Como?
-- Pois, o ORGASMOTRON, mostrou-nos como desenhar máquinas que geram emoções, perseguindo essa via, inventamos uma que faz precisamente o inverso! Esta máquina retira da nossa memória a dor do desgosto de amor, deixando apenas uma melancolia residual. Digamos que não atenua, apenas amortece essa dor, transportando a experiência dolorosa, apenas numa experiência suportávelmente dolorosa...
-- Quer dizer que se eu apanhar um tampo daqueles, vou à sua máquina e limpo o 'cadastro' Prof?
-- Basicamente podemos dizer que sim...
-- Mas o Prof, acredita que as pessoas terão coragem de usar a máquina? Afinal quando estamos doridos, nem nos lembramos de recorrer a nada!
-- Bom, isso depende um pouco da forma como nos prepararmos de antemão. Mas pense na máquina apenas nessa perpectiva... Se pensar bem esta máquina dará um novo alento a todos aqueles que de tão traumatizados, fogem instintivamente do amor, têm medo que este os possa magoar e fecham-se, não mais arriscam partir na sua busca pela felicidade. E condenam-se a mais das vezes a vidas tristes e cinzentas. Com esta máquina podem partir de novo, aventurar-se à descoberta do amor...
-- Mas correm o risco de se magoarem outra vez Prof...
-- De certo que sim, a vida é mesmo assim, mas agora podem partir seguros de que o dano não será permanente...
-- Mas se squecem a dor, podem estar condenados a multiplicarem-na Prof.!
-- Não! A máquina não provoca esquecimento! Apenas atenua a dor, para um nível psicologicamente suportável, o que servirá de aprendizagem também.
-- Professor, tenho de lhe declarar a minha admiração pelo seu trabalho! Sabendo como há individuos que gastam tão inutilmente as suas células cinzentas! O Prof. tem-nos maravilhado com máquinas que primam pela utilidade. Em meu nome caro Prof, queira aceitar os meus mais sinceros agradecimentos!
-- Ora eu é que agradeço a sua disponibilidade em divulgar os meus inventos...