Eram exactamente nove horas, no
relógio redondo do escritório, quando pousou a mala sobre a secretária. Alguém
assomou à porta envidraçada e disse:
— Preparado para ganhar um milhão
na próxima hora?
Sorriu e respondeu:
— Porque não dois?
A secretária entrou, murmurou um
“bom-dia”, e deixou umas pastas com ele.
O telefone tocou. Deitou um olhar
sobre os monitores em frente, onde se desenhavam curvas que subiam e desciam.
Atendeu.
— Sim? Não, essas eram para
vender ontem… Claro! Não conseguem cumprir objectivos e eu é que tenho de
resolver? Também posso ficar com as vossas comissões? Se vender isso hoje,
quero um porcento... Combinado.
Pousou o telefone e sorriu de
novo. Pegou no telemóvel que trazia no bolso e procurou pelo contacto da Ana,
enviou uma mensagem para saber se ela estaria disponível para jantar no
Pierrot.
— O Banco Phoenix está a cair?
Vais aconselhar a venda? — perguntou um loiro de olhos azuis e fato de corte
impecável.
— Não dou conselhos… Mas se
quiseres posso vender uma informação… — disse João sorrindo.
— Quanto?
— Dois milhões!
— Fica com a informação, ladrão!
— disse o loiro afastando-se.
Ele riu-se. Pegou no telefone e
marcou.
— Quando o Banco Phoenix tiver caído 50%, quero que comprem todas as acções…Ok.
— Quando o Banco Phoenix tiver caído 50%, quero que comprem todas as acções…Ok.
Voltou a pegar no telemóvel e
enviou uma SMS com palavras doces à Sofia.
O telefone voltou a tocar, mas
antes de atender olhou os monitores: O Banco Phoenix continuava a cair.
Atendeu.
— Não! Não! Os estaleiros
Swang-Lo eram para manter! Quem mandou vender?
O telemóvel deu sinal de uma
mensagem. Enquanto discutia ao telefone, confirmou com a Sofia o jantar no
Pierrot.
Os monitores mostraram a linha de
cotação dos estaleiros coreanos Swang-Lo a subirem como se estivesse na frente
de um foguete.
— Ok! — acabou a concordar — Vendam todas as acções da Swang-Lo e com o resultado comprem as do Phoenix…
— Ok! — acabou a concordar — Vendam todas as acções da Swang-Lo e com o resultado comprem as do Phoenix…
O telemóvel tocou, era Maria a
sua mulher. Foi com irritação que desligou.
Voltou a agarrar-se ao outro
telefone.
— Não desligue… Continue a vender
Swang-Lo… — Para o outro bocal — Como estamos com o Phoenix, continua a descer?
Sim… Óptimo.
O telemóvel voltou a tocar, era
uma mensagem da sua mulher. Nem leu, o melhor era dizer-lhe que sim e escolheu
a resposta automática.
— Sim, vendeu a posição total da
Swang-Lo? Parabéns! Quanto realizamos? Quatrocentos milhões? E em mais valias?
Cento e cinquenta milhões? É desta que compro a casa em Malibou!
Riu-se de felicidade. Desligou o
telefone. Eram dez horas e já tinha facturado cento e cinquenta milhões, com a
sua comissão de 5% sobre o total tinha ganho até aquela hora sete milhões e
meio. Nada mau. Mas olhou de novo o monitor, onde as cotações do Phoenix
pareciam estabilizar depois de caírem 47%.
Agarrou no telefone e marcou
rápido.
— Temos ações do Phoenix? Sim? Vá
vendendo… Sim até eu dizer…
Mordeu o lábio olhando a linha
das cotações do Phoenix. A linha que tinha parado nos 47% voltou a mexer-se e
foi caindo, primeiro para os 47,5%, depois para os 48% e de repente despencou
para os 50%.
Voltou a marcar.
— Parem a venda do Phoenix.
Saiu do seu gabinete de vidro e disse à equipa que dirigia:
Saiu do seu gabinete de vidro e disse à equipa que dirigia:
— Comprem tudo do Phoenix! Tudo!
Até valorizar 30%. Depois perguntem-me…
A linha de cotações caiu mais
dois pontos e depois começou a subir. Quando chegaram a valorizar mais 30% do
que a cotação mais baixa, alguém veio dizer-lhe:
— Não há mais acções do Phoenix à
venda, que fazemos?
— Qual é a nossa posição?
— Temos 40% das acções totais,
somos donos do Phoenix!
Ele recostou-se na cadeira.
— Somos donos de um Banco
comprado em saldo.
— Como foi possível?
— Swang-Lo…
— Como?
— Eram os principais devedores do Phoenix. Como vendemos
Swang-Lo, alguns concluíram que era o fim do Phoenix. — Sorriu — Aprendam
gafanhotos!
O dia correra-lhe bem, ganhara muito mais do que aquilo que
era habitual numa “época de caça” e achava que merecia um prémio. Chegou no seu
Aston-Martin ao Pierrot. Sentou-se na mesa que tinha sempre reservada para si.
Aguardava pelo seu prémio, esperava que a noite fosse um festejo apropriado.
Chegou a Ana deslumbrante. Sem se levantar sorriu-lhe:
— Estás linda!
Ela trazia a pulseira de diamantes que lhe oferecera.
Mas depois chegou Sofia que descarada perguntou:
— Quem é esta aqui?
E a aproximar-se vinha a sua mulher…
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