18 junho 2004

Lágrima de um Universo Perdido


Caiu silenciosa, sem um simples suspiro sequer. Caiu como a gota de uma árvore sobre a superfície quieta e branda do lago. A lágrima correu-lhe pela face macia e desprendeu-se para voar até ao chão.
Levou com ela, todos os sonhos de ser feliz e deixou um vazio e uma ausência que lhe emprestou uma tez pálida e um olhar fixo e distante. Distante como o seu amor. Fixo, como se nada pudesse alterar o rumo das coisas.
Inclinou suave o rosto para baixo, a tempo de ver cair aquela gota de sal, embater no chão e espalhar-se. Em pouco tempo, nenhum vestígio mais desse trágico acontecimento. Nenhuma humidade no chão ou na sua face, apenas aquele ardume a consumir-lhe lentamente o peito.
São impressionantes as possibilidades que se abrem em cada decisão nossa, do entrechocar de todas. Quando ela diz que não, ou ele diz que sim. Tudo gera uma multiplicidade de novas opções, como se fossemos berlindes multicolores chocalhados numa caixa a variar continuamente de padrão.
Por isso quando se deixa cair uma lágrima, é um sinal de luto pelo Universo que se perdeu...

2 comentários:

Anónimo disse...

Linda a tua forma de dizer...tão linda que quanto mais te leio, mais gosto!
Senti-me aquela lágrima e percorri o caminho...
Abraços

mitro disse...

Ainda bem, é apanágio das pessoas sensíveis, sensibilizarem-se quando lêem estas coisas...